O Deserto do Atacama é rodeado de vários vulcões.
O primeiro que você avistará é o Licancabur, que na realidade, fica do lado boliviano. Ele é onipresente em San Pedro e você o avistará em quase todos os passeios que fará.
Há ainda aqueles que já mencionei durante as atrações anteriores (Miscanti e Miñiques nas Lagunas Altiplânicas, Tatio, nos Geysers). Enfim, o que não falta lá é vulcão!
Diante desta fartura de vulcões, a prática de trekking é muito grande. Contudo, não é uma coisa fácil de se fazer. Depende do vulcão escolhido, da sua prática, de várias condições. Nunca faça isso sozinho, procure agências ou guias especializados e faça apenas de acordo com a sua possibilidade. Acredite, não é uma coisa que todos fazem ou conseguem fazer (eu amarelei, ou sorochizei! :P)
Dica de ouro: se você realmente quer fazer o trekking em um vulcão, não consuma bebidas alcoólicas e coma uma refeição leve na noite anterior. Tenha uma boa noite de sono. Tome todas as preocupações para evitar o soroche. Novamente: vá com alguém que conheça o vulcão e saiba como subi-lo. Leve roupas apropriadas para isso (são altitudes acima dos 5.000m, portanto estará frio), um tênis especial para trekking faz a diferença. No meu caso, meu guia me forneceu todo o aparato para isso.
Há vários vulcões em que é possível fazer o trekking, sendo o próprio Licancabur um deles, mas você tem que passar para o lado boliviano para fazê-lo. Do lado chileno há o Lascar (o vulcão mais ativo do Deserto e também um de nível mais fácil), o Cerro Toco, o Ojos del Salado e o Sairecabur, entre outros.
E se você quiser conhecer mais um vulcão, Conheça o Famoso Vulcão Misti no Peru que o Blog Fora da Zona de Conforto conta tudo!
Eu tentei escalar o Cerro Toco, que está adormecido e cujo cume fica a 5.640m. A base dele inicia em 5.200m. Dos vulcões, a subida é a menos íngreme e não necessita de nenhuma escalada, apenas consiste em caminhar pela sua encosta. Fiz tudo bonitinho na noite anterior, meu guia me ajudou com os aparatos, tomamos chá de coca antes de começar…
Então fomos de carro até a base do vulcão. A subida se daria da seguinte forma: andaríamos 10mins e descansaríamos 3mins. O Felipe, meu guia, levou uma barra de chocolate. E a cada parada ele me fazia comer um “quadradinho”. Eu pensei, “ok, não vai ser difícil”, eu estava no auge do meu condicionamento físico.
E então começamos. Nos primeiros 10 minutos: “nossa, isso aqui tá muito fácil! Vou conseguir de boa!”. Após a pausa de 3mins, na segunda estirada, já pensei “é, tá ficando pesado” e chegaram os próximos 3 minutos de descanso.
E veio a terceira estirada. Não sei precisar quanto tempo ela durou. Mas a minha impressão é que nos meus dois primeiros passos tudo se apagou e eu senti uma falta de ar muito grande. E pensei: “onde estou, quem sou eu? Tá tudo preto, meu Deus e se eu cair aqui?” Hoje eu sei que por causa disso (do desespero de me sentir mal lá em cima) eu tive uma mega crise de ansiedade e de pânico (na época eu nem sabia que sofria disso).
Eu me lembro de tentar continuar andando a todo custo, porque eu queria muito chegar no cume! Meu guia e eu conversamos e eu acabei decidindo que era melhor descer (por bem, antes do que por mal!). Meu corpo não aguentava mais, precisava parar. E desisti.
Minha dica é esta: não é impossível você subir um vulcão. Mas se seu corpo está dizendo para você parar, obedeça. É uma decisão difícil? É! Mas é melhor do que passar mal no meio alto de um vulcão.
Esta é uma das minhas maiores tristezas : não ter conseguido chegar no cume do Cerro Toco. Foi assim que eu me senti, mas meu guia me disse que já tinha chegado quase na metade quando paramos… Enfim, com certeza tenho um bom motivo para voltar ao Atacama! 😉
8 comments
Amei o post. Tenho muita vontade de conhecer o Deserto do Atacama. Confesso que até então nunca tinha pensado escalar um vulcão! Sementinha de vontade plantada no meu imaginário.
Ai que bom que essa sementinha foi plantada! Até este momento eu também nunca tinha pensando! E bem, eu nem consegui chegar no cume, mas só de tentar tentado já valeu muito a pena! Na próxima eu consigo! 🙂
Nossa Fefa, me senti na sua pele, pois meu organismo também sofre com o mal de altitude. Me sentí super mal até no Valle Nevado, no Chile. Sofro de enxaqueca e o mal estar vem na hora!!! Eu jamais poderia ir ao Peru ou fazer trilhas em vulcões! Meu lance é nivel do mar! rsrsrsrs Só lá que me sinto plena, perfeita, à mil. Mas graças a Deus existem viajantes como você que fazem essas aventuras e contam tudo pra gente, e com essas fotos incríveis é quase como se eu estivesse lá!!!! hahahaha Beijo grande e sucesso!
Que texto bacana demais! Amei as fotos dos vulcões, passeio que minha família ama se aventurar. Mas também acredito que eu não conseguiria subir o vulcão, certamente teria que me preparar bem fisicamente antes de visitar o local.
Olá!
Te entendo demais, porque quando subi o vulcão Chachani, no Peru, ano passado, não pude chegar na cumbre, porque meu namorado teve um estiramento do músculo da perna, então desci com ele. Mas na semana seguinte, subi o Misti (sem ele, haha) e foi a melhor experiência da minha vida, até hoje! O bom é que sempre há outras oportunidades e há muitos outros vulcões por aí se subir 🙂 então no futuro você vai subir e vai conseguir também!!
Não é maravilhoso quando a gente consegue fazer algo assim?? Já se passaram mais de 10 anos desssa história! 😱 Ainda não subi um vulcão! Mas com certeza já fiz outras coisas incríveis! O importante é sempre a jornada! 😉 Obrigada por compartilhar sua história comigo!
Gratidão pelas Dicas. Rico em detalhes e extremante útil. Show
Obrigada Daniel! A intenção é essa, dar o maior npumero de informações possíveis! 🙂