O Castelo do Drácula na Transilvânia é um lugar que muitos imaginam ser tértrico, sombrio, assustador, e cheio de vampiros! Mas e se eu te disse que ele nada tem a ver com a famosa figura de dentes grandes?
Quer saber tudo que este lugar que povoa o imaginário das pessoas? Então, continue lendo este artigo e você vai se apaixonar muito além da lenda do Conde Drácula!
Se você precisa de TUDO o que saber antes de viajar para Romênia é só clicar no link e ir pro post que eu te conto tudo! 🙂
Mas primeiro, um pouco de história!
Antes, de falar sobre o Castelo em si, é interessante saber um pouco de história sobre a região onde fica o Castelo do Drácula na Transilvânia! E eu não estou falando sobre as histórias de vampiros e da lenda propriamente dita. Pelo menos, não a princípio.
Primeiramente, deve-se dizer que esta região é a Transilvânia, que fica na Romênia, país de leste europeu, cuja língua, o romeno, é de origem latina. Lá não se trata de apenas um pequeno lugar, mas sim de uma grande região do país, formada por diversas cidades, cada uma com a sua qualidade e interesse, todos dignos de serem visitados.
Pois bem, a Transilvânia fica a centro oeste da Romênia, onde se localiza a cordilheira dos Cárpatos, o que traz incríveis paisagens, mas também, já foi motivo de muita dor (embora não oficialmente).
A Transilvânia já foi “propriedade” de diversos povos, a começar pelos romanos, quando se encontrava dentro da Dácia, de bárbaros, de alemães, búlgaros até que passou ao Império Húngaro. Isto até passar ao poder dos Otomanos.
O Verdadeiro Conde Drácula da Transilvânia, mas nem tanto
E e aí que entra o Conde Drácula, o verdadeiro, mas nem tanto!
O verdadeiro “Conde Drácula” nada tem a ver com a história contada por Bram Sotcker em seu livro sobre vampiros. Mas sim, com uma figura também controversa denominada Vlad Tepes III, chamado “carinhosamente” de “o EMPALADOR”.
Porquê Drácula? Porque Vlad era membro da ordem do dragão, em romeno, Dracul, daí Vlad Dracul.
À primeira vista, Vlad Tepes III, devido a sua alcunha, pode parecer um grande ditador sanguinário. Mas esta foi recebida porque ele punia com severidade àqueles que cometiam crimes (e também seus inimigos), e ele gostava de torná-los exemplos para que não se fizesse novamente. Desnecessário? Creio que sim, mas eram outros tempos.
A verdade é que ele é um grande heroi romeno, porque ele tomou para si a missão de expulsar de sua terra os turcos otomanos e retomá-la para o povo, em prol da Igreja Católica Ortodoxa.
E, ao contrário do que se espera, ele não morreu com uma estaca de madeira, mas sim, numa batalha contra os turcos otomanos. E como o mundo não gira, ele capota, ele foi decapitado, sua cabeça foi enviada à Constantinopla e exposta por alguns anos.
A era pós Vlad Tepes III
Após a retomada da Transilvânia dos turcos otomanos, esta passou aos Habsburgos e posteriormente, ao Império Austro-Húngaro, que se findou com a Primeira Guerra Mundial e, então, a Transilvânia finalmente passou a fazer parte da Romênia.
Já com o fim da Segunda Guerra veio a era ditatorial comunista com o ditador Nicolae Ceausescu. Sua ditadura foi bruta e sistemática, culminando com sua morte matada em 1889 na Revolução Romena. E uma das suas “relíquias” fica na Transilvânia, que é a Transfăgărășan.
A Transfăgărășan já foi considerada a estrada mais linda do mundo e corta a Cordilheira dos Cárpatos. Ela foi construída nos anos 70 a mando de Ceausescu queria garantir o rápido acesso militar pelas montanhas no caso de uma invasão Soviética.
E aqui jaz o motivo de uma história triste e de dor: a estrada foi construída por militares inexperientes, num clima alpino, há 2 mil metros de altitude num relevo montanhoso em apenas 4 anos. Os registros oficiais mostram que houve “apenas” 40 mortes durante sua construção.
Você acredita? Nenhum dos romenos que hoje pode falar o que pensa acredita.
Como chegar na Transilvânia
Para chegar na região da Transilvânia, saindo do Brasil você tem algumas possibilidades.
Por ser a região mais turística da Romênia, você não precisa necessariamente fazer um “pit stop” na capital Bucareste (embora eu super recomende você passar alguns dias lá também), indo diretamente para lá. Há cidades na região com aeroportos, então você pode fazer uma breve conexão e se encaminha diretamente para, por exemplo, Cluj Napoca, Sibiu, Timişoara e Târgu Mureş.
Porém, nem todas essas cidades possuem voos constantes, exceto Cluj-Napoca, que é sua capital, pode ser difícil você conseguir fazer essa conexão.
Então o mais comum é sair a partir de Bucareste mesmo, e o foi o que eu fiz.
E aqui você tem diversas opções, lembrando que a Transilvânia é uma região, então você terá que escolher uma de suas cidades para ir primeiro. Normalmente, Braşov (lê-se Braxov) é escolhida como base.
O país é bem servido de trens. Mas fazendo uma pesquisa a maior reclamação que eu vi foi: não espere o que você espera do “resto da Europa”. Os trens costumam atrasar e são lentos. Se você tiver algum ingresso comprado com horário marcado e depender do trem pode ser arrepender.
Como foi uma reclamação praticamente unânime, isto me levou à decisão de fazer meu roteiro pela Transilvânia de carro. E foi a melhor coisa que poderia fazer, pois dessa forma, consegui incluir a Transfăgărășan na minha viagem.
Eu aluguei um carro com a Rentcars. Foi tudo perfeito, fiz a reserva com antecedência pelo site, cheguei no balcão do aeroporto, já peguei o carro e devolvi conforme o combinado sem nenhum perrengue, sem nenhum problema e o melhor custo benefício!
E como é o Castelo do Drácula na Transilvânia?
É inevitável,uma vez que se fala de Romênia e Transilvânia, não falar sobre aquele moço de dentes grandes. Aliás, 10 entre 10 pessoas pessoas vão para Romênia buscando o Castelo do Drácula na Transilvânia.
Mas o Castelo, vai muito além da lenda e vai te surpreender com a sua história!
O Castelo de Bran
Se a Transilvânia é conhecida por vampiros é tudo culpa deste castelo, o Castelo de Bran.
Tudo porque ele é conhecido como o Castelo do Drácula na Transilvânia, nosso querido Vlad Tepes III. Mas não deveria ser!
Isso tudo é atribuído ao escritor Bram Stocker (que apesar da similaridade de nome também não tem nada a ver com o Castelo), que escreveu a obra literária Drácula.
O caso é que ele descreveu um castelo que fica no topo de uma colina que lembra muito o Castelo de Bran e muitas pessoas começaram a associá-lo.
E aí, soma-se o fato do seu personagem principal – o Drácula – curtir beber um sangue, uma prática também atribuída a Vlad Tepes III (não se sabe se isto é verdade). E dizem que Bram Stocker se inspirou neste para escrever aquele.
Porém, nenhuma das duas coisas é verdade. Stocker nunca esteve no Castelo de Bran e, apesar das semelhanças, nada confirma que o autor tenha se inspirado em Vlad Tepes para escrever Drácula. Ademais, tanto o nosso Vladinho, quanto o Drácula, nunca habitaram o Castelo! Confuso né?
Esta é a maior jogada de marketing da Romênia para atrair turistas, porque no filme inspirado no livro, também aparece um local muito parecido com o Castelo de Bran. O que gera controvérsias. Porque muitos consideram o Castelo como um engodo turístico que não tem nada especial e que nem vale a pena conhecê-lo.
Mas se você é meu leitor, sabe que eu acho que sempre vale a pena conhecer um lugar para formar sua própria opinião! 🙂 Até porque, o Castelo tem a sua história, que é interessante também.
Como ir ao Castelo de Bran
Você deve ter achado curioso o nome “Bran” e a similaridade com “Bram” do autor de Drácula, certo? Pois não passa de mera coincidência. Bran é apenas a cidade em que se localiza o Castelo, que fica a 180km da capital da Romênia, Bucareste e a 30km de Braşov.
Você pode ir de ônibus a partir de Braşov. Sai um a cada 30mins do Terminal Rodoviário durante a semana e a cada 1h aos fins de semana. A viagem dura cerca de 45mins e você compra as passagens diretamente do motorista do ônibus.
Já de Buscareste, há opção de ir de trem, saindo da Estação Gara de Nord (ou Bucareste Norte) para Braşov e a viagem é de 3:30hs. De lá você deverá pegar um ônibus ou um táxi para o Castelo de Bran. Você pode comprar os tickets online. Em julho/2024 o bilhete ida e volta saia por 117 lei romenos, o que dá aproximadamente 140 reais.
Ainda, há a opção de alugar um carro, o que dá pra fazer clicando nesse link, e ir, que foi o que eu fiz. De Bucareste a Bran, pela Estrada DN1/E60, que está em ótimas condições, a viagem dura cerca de 2:30hs.
Mas esta foi minha escolha porque eu iria seguir viagem. Se fosse para fazer um bate e volta, com certeza eu escolheria uma excursão para não me preocupar com nenhum destes detalhes. Pela Civitatis você encontra um Tour 2 em 1 do Castelo de Bran e do Castelo de Peles com guia e transporte. Mas se você estiver interessado em incluir mais um castelo, e quiser conhecer num dia só, Bran, Peles e Cantacuzino (a Escola da Wandinha Adams), você pode reservar o Tour pela Get Your Guide.
O bom dos tours guiados é que você não tem que se preocupar com a locomoção, já tem um guia que vai te explicar tudo sobre o local e ainda pode fazer mais coisas num mesmo dia, caso tenha um cronograma apertado.
A História do Castelo de Bran
Então, para a surpresa geral da Nação, digo que o Castelo do Drácula, não é do Drácula. Braşov. A região de Bran começou a se desenvolver em 1211 com os Cavaleiros Teutônicos, que fizeram parte das Cruzadas (lembram das aulas de História?) e lá construíram uma fortaleza.
O Rei Húngaro Luis I d’Anjou foi quem permitiu construir um Castelo, o que se deu numa colina e se findou em 1388. Ele então tinha duas funções: cobrar impostos da Transivânia para a Hungria e ser uma fortaleza contra o Império Otamano.
O Castelo foi habitado por soldados e mercenários e o seu “Lord” era escolhido pelo Rei entre os saxões, que naquela época dominavam a região.
Mas sim, nosso querido ou desquerido Vladinho passou por Bran em 1459 para atacar Braşov, uma vez que os saxões tinham aumentado os impostos e a galera não tinha curtido. Daí ele foi lá daquele jeito todo carinhoso que ele tem, com seu exército, queimou tudo e matou um monte de gente. E esta é a passagem de Vlad Tepes III por Bran.
A partir de então o Castelo foi passando de mão em mão até que no ano de 1836 ele perdeu sua importância militar e comercial, mas se manteve como um assento administrativo do Império Áustro-Húngaro.
Mais tarde, em 1920 os cidadãos de Brasov, quando a Transilvânia já era parte da Romênia, decidiram presentear a Rainha Maria da Romênia com o Castelo de Bran e ele se tornou uma residência real de veraneio.
Ele foi o Castelo favorito da Rainha que o renovou e reformou, tanto que seu coração está num pequeno sarcófago de prata ornamentado enterrado lá.
Em 1948, com a instalação do Regime Ditatorial Comunista a família real teve que fugir do país e abandonar o Castelo, e o então conhecido Castelo do Drácula na Transilvânia foi retomado pelos seus herdeiros legais apenas em 2009.
*Todas as informações do site Bran Castle.
Como é o Castelo do Drácula na Transilvânia por dentro?
O Castelo do Drácula na Transilvânia não era o que tinha em mente, ou seja, o imaginário popular, de algo tétrico, hostil e tenebroso. Ao contrário, me pareceu até acolhedor, afinal, seu grande intuito é nos chamar para dentro, não nos afugentar! Aliás, seu redor é verde e estava um dia lindo ensolarado de céu azul de brigadeiro.
Sim, ele fica no topo de uma colina, mas não me recordo de ter feito intenso esforço para ter chegado até seus grandes portões para adentrá-lo. E por dentro ele era um… Castelo Medieval. O Castelo de Bran, não de Drácula.
E para quem ama história, como eu, é sim um prato cheio. O Castelo do Conde Drácula por dentro conta toda história dos parágrafos acima, ilustrada-a com objetos da época, fotos, etc. Mas para mim, a grande estrela é o próprio Castelo. Andar pelos seus corredores, paredes desgastadas e escadas é andar sobre a história.
É interessante parar para pensar em como viviam as pessoas naquela época, subindo e descendo tantas escadas todos os dias! 🤣
O seu centro é aberto, um pátio, onde há um poço em que você pode jogar uma moedinha e fazer um desejo.
Se você for procurando Conde Drácula, com certeza será uma decepção. Você poderá observar em algumas partes do Castelo uma mãozinha “daculesca” apontando um caminho. É que há uma sala com projeções de todos os filmes que mencionam esta figura tão “carismática” da cultura mundial.
Também há uma sala com uma projeção de algum acontecimento com Vlad Tepes III, porém, como estava em romeno, eu não consegui entender muito bem. Mas, pareceia que ele estava mandando matar pessoas, não sei bem o porquê! 😳
O Túnel do Tempo
E também há uma atração a parte que é o “Túnel do Tempo” que é basicamente um elevador imersivo, como se você estivesse caindo e adentrando no mundo de Vlad Tepes III, com fotografias ultrarealistas que se mexem (como as do Harry Potter) e contam um pouco de sua história.
Você ainda pode tirar (e pagar) uma foto com ele e sua galera digital.
Conclusão: se você vai ao Castelo de Bran procurando por Drácula, pode ser uma decepção. Mas se você esta lá, pela história, por um lugar que teve importância para o país e quer conhecer mais sobre ele, ao meu ver, vale muito a pena!
A única coisa que eu senti falta foi de um guia, contando a história. Por mais que eu tivesse lido antes, tivesse alguns cartazes, não é a mesma coisa do que ter uma pessoa te contando. Você pode contratar um tour guiado aqui.
Como comprar ingressos para o Castelo do Drácula na Transilvânia
Você pode comprar ele na hora, em máquinas “self service” ou online, pelo site oficial do Castelo. Eu resolvi comprar com antecedência por medo de enfrentar filas. No dia que eu fui (era final de setembro/2023) não havia fila nenhuma.
O valor é de 70 lei romenos, o equivalente a 83,80 reais. O Túnel do Tempo é cobrado a parte e custa 30 lei romenos, o que equivale a 36 reais.
O bom é que o Castelo é uma atração que abre às Segundas, e pode ser uma opção do que fazer, já que a maioria das atrações turísticas fecham, apesar de ter o horário reduzido (das 12 às 16hs, enquanto nos demais dias é das 09 às 16hs).
Endereço: Str. General Traian Mosoiu, nr. 24, 507025 Bran.
Gostou de saber o sobre o Castelo do Drácula na Transilvânia?
Por último, eu recomendo que você não se prenda apenas ao Castelo de Bran como ponto de interesse na Transilvânia! A região, como disse acima, é imensa, e tem uma vasta natureza, onde é possível observar ursos, conhecer uma mina de sal, um cemitério alegre, ver uma das estradas mais bonitas do mundo, saber mais sobre a história do mundo!
Mas se foi o Conde Drácula que te trouxe até a Transilvânia, pelo menos ele teve seu valor de te levar a conhecer uma região incrível de um país ainda pouco conhecido e explorado!
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2 comments
Muito bom Fê! Bem ilustrado, orientador, um passeio turístico pela lenda e pela Romênia. A Europa possui estradas pela memória da História que permitem e devem ser vistas e conhecidas!
Mas….referente ao querido Drácula, como dizia John Ford: Quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda.”
Certamente, não há como ir a este castelo e se esquecer da lenda que o circunda!
E sim, a Europa inteira deva ser conhecida porque ela é pura história!